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24 de dez. de 2013

O nosso rei do brega se foi.



"Deixou em pedaços o meu coração". O nosso rei Reginaldo Rossi se foi e só nos restou chorar e lembrar. Chorar porque nosso corpo é fraco pra perdas, mas o mesmo corpo nos faz forte o suficiente para lembrar da pessoa que Rossi foi. Ícone da música brega, o nosso rei nos deixou a imagem da alegria, da amizade, da melodia suave de nossas vidas e amores, do ritmo do nosso coração, do movimento musical humilde, rico, humano e feliz que é o brega. Sentiremos muita saudade, mas na felicidade de que pudemos conhecer e ouvir uma pessoa que fez o mundo girar diferente, levianamente ao lado de um garçom amigo.

Entrada da Alepe
Rossi bebeu e fumou muito, não cuidava do seu corpo (como muitos homens fazem - medo de médico). Em vários shows mal aguentava cantar, muito menos lembrar a letra das músicas. Na van pós-show muitas vezes estava no chão de tão trêbado. Vida leviana que resultou na sua morte "precoce". Se foi deixando exemplo: de que o brega é música pra viver, que a vida é muito mais linda quando compartilhada, que as pessoas são fontes de amor, que é preciso cuidar da saúde para não deixarmos o mundo material tão cedo e tão carente de amor. Em meio disso tudo, claro, presenciamos gente que nem gostava dele, que não gosta de brega, mas que no dia de sua morte deixou mensagens e compartilhou músicas. Hipocrisia ou não, o que importa é o reconhecimento.

Velório de Rossi, ao fundo Geraldo Júlio com familiares.
Rossi foi tão O cara que até quem não gosta de brega o idolatra. Isso é para poucos, para gênios, para amores ambulantes como ele. Mesmo assim, ainda tem gente que vem dizer "quando uma pessoa morre vira santa" pra Reginaldo Rossi. Pois nosso rei, assim como eu e você, temos defeitos sim e ainda bem. São nossos defeitos que nos tornam humanos, sempre em busca de desenvolver-nos e fazer diferente. Não julgueis a vida de Rossi pelas cachaças e mulheres que ele já teve, lembre-se de que por trás de cada gole de champanhe ele deixou amor e alegria por onde passou. "Rei só Jesus!", amém, mas rei pra mim é aquele ser que representa as pessoas, que é referência, que demonstra amor ao próximo, que tem empatia, que é simples nas suas convicções, que tem riqueza interior! Rossi foi e sempre será rei! Do brega! E a vida continua. E ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais, desejando amar mais. 
 
Sempre que vejo uma pessoa morta tenho uma síndrome de Amélie Poulain. Vejo o corpo e penso em tudo o que a pessoa viveu, presenciou. Penso que aquele corpo já sorriu, já chorou, já gozou, já caiu, já comeu coisas maravilhosas, já bebeu (e como!), já beijou e ganhou abraço... É uma representação de uma vida inteira de momentos, momentos que agora não existirão mais. Rico ou pobre, bonito ou feio, feliz ou não o fim é o mesmo. Assim mesmo, sem privilégios. Viajo e constato que devemos viver e isso Rossi fez bem. Com certeza morreu feliz, fez tudo o que quis e viveu. "Eu bebo sim e estou vivendo, tem gente que não bebe e está morrendo" foi um lema e tanto para ele!
 
Homenagens no velório de Rossi
Por onde passava Rossi levava o nome, o brega e o coração do nosso Pernambuco. Você autopreconceituoso, siga o exemplo! No velório, atrás da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) muitos fãs cantavam e ouviam as músicas de Rossi, bebiam todas, em forma de comemoração. Arrepiante! Muitos artistas e pessoas públicas foram prestar suas condolências aos amigos e familiares, inclusive o prefeito do Recife Geraldo Julio (foto). Era a felicidade de tê-lo conhecido, de ter presenciado a alegria e a dor de corno que só ele soube fazer. Nos resta a saudade e o seguir em frente, em ritmo de brega.

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