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24 de ago. de 2013

Pesquisa "Se não fosse amor não seria brega"

O título pode até induzir a um pensamento, mas a presente pesquisa quis, na verdade, conhecer as pessoas e os argumentos sobre a música sim. Quem gosta, gosta por quê? E quem odeia, diz o quê? A pesquisa foi direcionada por e para diversos públicos, para que esses opinassem seus gostos e ódios pelo brega. As perguntas foram em sua maioria abertas, para que cada um pudesse escrever aquilo que de fato pensa, sem julgamentos prévios.


PÚBLICO

Total: 74 participantes

Média de idade: 25,6 anos

Classe social dos que responderam a pesquisa:
(categorias segundo o IBGE)
(inicialmente não havia colocado esse item, então 9 pessoas não responderam)
Local: 
Pernambuco - 55 pessoas
Pará - 6 pessoas
São Paulo - 3 pessoas
"Brasil" - 2 pessoas
Sem resposta - 2 pessoas
Bahia, Amapá, Acre, Rio grande do Norte, Goiás e Paraná - 1 pessoa cada

As pessoas ouvem brega com que frequência:
(itens pré-determinados e com apenas uma opção de marcação)

Grau de importância/preferência musical:
(itens pré-determinados e com apenas uma opção de marcação)


Temática do brega:
(itens pré-determinados e com possibilidade de mais de uma resposta)

Estilo musical do brega:
(itens pré-determinados e com possibilidade de mais de uma resposta)



BREGA É:

1) Modo de viver e de amar

Estilo de vida”

 “Tudo que é exagerado, um amor muito sofrido, chorado, onde há traições, "revelações", muito, mais muito amor, paixão avassaladora, aquela de dor o peito. Brega tem que se dançar juntinho, colado. O brega não precisa ter descrição de sexo, nem pornografia, o brega só precisa do amor profundo e da paixão cega.”

“O brega é mais do que um ritmo envolvente. Vejo o estilo musical como uma oportunidade para jovens seguirem o sonho de seguir carreira como cantor, para a população de classes mais elevadas se aproximarem das camadas mais desfavorecidas e conhecer esse universo até então longe deles. (...) Brega é qualidade de vida, me transporta para outro mundo.”

“Música extremamente cafona, muito romântica, com arranjos musicais pobres/simples.”

“Brega é o popular; que é do povo; o gosto do povo; o simples... Tudo que diz respeito ao dia-dia do povo, suas paixões, seus anseios.”

“Brega são aquelas coisas piegas... Muito melosas, muito românticas, muito cheias de dor e sofrimento... Mas ‘o brega’ já não é mais como era antes.”

2) Música vulgar ou de baixa qualidade

“Algumas músicas são legais, falam de amor, mas outras são muito escrachadas, trazem um apelo sexual desnecessário, terminam sendo vulgar.”

“Pra mim tem 2 bregas, o antigo e romântico. E o atual pobre, de baixo calão e péssima qualidade.”

“Musicas melosas demais! Ou/e com a letra sem muito conteúdo, tipo o funk e as musicas do Latino, pra mim é brega, um brega com batida. :P
Maaaais tem muito brega que da pra ouvir numa boa, os antigos eu até ouvia, mais tem uns que faz o ouvido sangrar...”

“Os de antes eram apenas músicas de gente que sofria por amor, ou fingia que sofria pra atrair fêmeas dispostas a consola-los. O de atualmente são apenas um lixo mal escrito, com letras que insultam a inteligência de qualquer um, criado unicamente para estimular a cópula sexual entre humanos.”

3) Estético

“Apenas o nome "brega", sem relacioná-lo a um estilo musical, me remete à cafona, fora de moda, antiquado, tosco ou que não combina nada com nada. Relacionando essa palavra ao famoso ritmo, a visão muda, até porque hoje em dia o brega está cada vez mais pop, o que ironicamente torna-se contraditório às definições da palavra citadas acima.”

“Um ritmo musical. Também pode ser algo cafona quando está relacionado ao estilo de alguém.”

“Eu encaro o brega como um tipo de música romântica, com arranjo musical simples, letras com rimas fáceis, em outras palavras, uma música supostamente de ‘mau gosto’ ou "cafona". Divertida, mas é a cara do Brasil reflete bem o gosto do povo brasileiro.”

“Brega é um estilo musical que é descendente do Bolero, porém, com o passar do tempo, adquiriu várias características muito singulares, próprias e novas. Além do estilo musical propriamente dito, o Brega também (como ocorre com vários outros estilos) pode ser considerado como uma ‘linguagem’ ou uma ‘atitude’ musical. Por exemplo, uma banda de pagode pode, num determinado momento, querer ter uma ‘atitude’ mais rock no arranjo de uma música, o que quer dizer usar guitarras distorcidas, tocar com mais peso, apenas fazer uma certa menção ao rock. (...) Uma banda de outro estilo pode usar uma ‘atitude’ brega em suas músicas, incorporar elementos da música brega.”


Podem-se perceber três classificações sobre o que é música brega: trata-se de um estilo musical simples e romântico, de alto apelo sexual ou de algo divertido. Primeiro o brega é visto como um estilo popular e carregado de sentimento, de romantismo. Em segunda opinião é visto como algo de baixa qualidade, principalmente pela linguagem utilizada e sem amor, apenas sexo. Por último é considerado alegre e musical, de ritmo marcante e sem melosidade excessiva. As três vertentes exploram as diversas opiniões e estereótipos do que o brega de fato é ou aparenta ser. Por exemplo, não é porque eu gosto de brega que eu sou o-bri-ga-da a gostar de todas as variantes. Gosto de pop, mas tem banda que não curto. Gosto de forró, mas tem estilo forrozeiro que eu não suporto ouvir. E por aí vai... Posso não gostar de certas músicas de MC e nem por isso negar o movimento "não deixe o brega morrer". Brega é tudo isso e o argumento de quem não gosta é sempre o mesmo “ah, só tem palavrão e sexo”, que se brincar corresponde a 20% de todos os cantores e bandas que existem.


O VERDADEIRO BREGUEIRO É AQUELE QUE:

1) Romântico e apaixonado

Simplesmente chora ouvindo algum brega clássico”
Sofre por amor e acha isso bonito.”
“Gosta de dançar agarradinho, é namorador e apaixonado.”
“É desapegado, livre de preconceitos. Acho que seria a melhor definição.”
“Fecha os olhinhos ao ouvir uma música brega e que não se intimida com a desaprovação dos amigos que não gostam do estilo musical. O bregueiro é aquele que ama e encontrou no brega uma identificação das muitas histórias amorosas relatadas nas canções.”
“Gosta de viver, mas sofre por amor.”
“Conhece as bandas pelo nome e opta pelo ritmo quando se depara com mais opções.”


2) Veste e incorpora a música

“Se veste mais ou menos à moda antiga, costuma beber ouvindo essas músicas..."
“Curte estas músicas e gosta de se vestir de forma espalhafatosa”  
“Tem gel no cabelo, e vestidos de malha colado”
“Canta com a voz do cantor e danca bizarramente.”
 
3) Baixa qualidade

“Tem mal gosto.”
“Tem doenças sexualmente transmissíveis.”
“É aquele que vive sentimento... não essas pragas de mc...”

Olhaí, bregueiro não é aquele que não sabe o que é cultura, que tem péssima escolha musical, que é vulgar, etc. Bregueiro é aquele que carrega amor pra todo lado e que é muito feliz assim, obrigado.

QUAIS CANTORES E BANDAS SÃO REFERÊNCIA, REPRESENTAM A MÚSICA BREGA?

Primeiro resultado da pesquisa sobre música brega: Bandas e cantores que são referência, que representam a música brega. Os mais citados estão presentes nesse informe:
Primeiríssimo, o já conhecido Rei, o Roberto Carlos do Brega: Reginaldo Rossi. Mais que "A raposa e as uvas", Rossi de fato representa muito bem o brega. Fala 10 línguas, gosta de cassino, de mulher, de feijoada e de Itamaracá.
Segundo lugar: Banda Musa do Calypso. Aqui em Pernambuco é sucesso total e faz a linha brega romântico, com sanfoninha e tudo.
Terceiro: Kitara. Banda do momento assim como Musa, brega romântico e com guitarra marcante.
 Quartos: Michelle Melo e banda Metade, que é banda antiga e faz sucesso até hoje. Conhecida pelas letras sensuais, gemidos e cantora diva. Em quarto também ficou a banda Calypso, que completamente começou sua carreira de sucesso aqui em PE, nos programas locais. Anda um pouco sumida, mas ainda está na cabeça do povo bregueiro (e até dos que não gostam de brega.
Em quinto: Conde e a banda Só Brega, querido e amado pela irreverência, sensualidade e música filosóficas. Também em quinto, Amado Batista, com suas músicas de doem e alegram o coração.
Em sexto: Kelvis Duran e Odair José; em sétimo: banda Torpedo; em oitavo: Gaby Amarantos; em nono: banda Labaredas e Bartô Galeno; em décimo: Boa Toda, José Augusto e Swing do Amor; em décimo primeiro: Carícias, Vício Louco, Fernando Mendes, Brega.com, Metal & Cego e Wando; em décimo segundo: Sheldon & Boco, Waldick Soriano, Evaldo Braga e Gang do Eletro.


QUEM OUVE MÚSICA BREGA?

 

 
É, a resposta para essa pergunta muitas vezes é carregada de preconceitos e estereótipos. Dizem certas línguas por aí que quem ouve brega mora em tal lugar (quase um apartheid musical), se veste daquele jeito e se comporta de tal maneira. Dentre as respostas pode-se perceber três vertentes daqueles que ouvem o brega:

1) Envolve o contexto social

Dizem que só gente pobre, mas acho que quem escuta é gente romântica e apaixonada.”

“Esteriotipo: povo da comunidade, piriguetes e afins. Sem preconceito: um mói de gente entrou nesse clima ultimamente então diria que a maioria ainda é sim da comunidade, mas existem outros ninchos (sic) se juntando”. Interessante o fato de ter que separar os públicos entre com preconceito ou não. Pense no diferencial que o brega traz!

“Tinha-se a ideia que brega era coisa para pobre, coisa que eu descordo (sic), mas hoje o brega está em todas as classes sociais. Os bregas invadiram as boates. Hoje todos os tipos de pessoas podem ouvir o brega.”

“Todo tipo de pessoa, desde a classe mais baixa até a mais alta. Mesmo assim o ritmo ainda sofre muito preconceito no nosso estado (Pará).”

“Essa pergunta é difícil de responder. O brega está associado às classes mais baixas, porém, existem adeptos em todos os níveis. Muitas pessoas das classes mais altas não vão aos bregas por causa das pessoas de classe mais baixa que ‘dominam’ esses lugares, mas gostam do brega, e quando o mesmo toca nas ‘festinhas classe A’, também dançam até o chão. Mas mesmo assim, a proporção de pessoas que gostam de brega nas classes mais altas é consideravelmente menor”.

“O esteriótipo (sic) que tenho de pessoas que escutam o brega mesmo são de pessoas de mais idade, classe C e D.”

“Geralmente pessoas de classe C, D e E”. 

“É um público amplo, desde moradores da periferia a jovens de classe média.” 

“Todo tipo de pessoa pode ouvir brega, mesmo que não haja uma identificação imediata com a letra/musicalidade. Há letras mais românticas que falam pra toda e qualquer pessoa independente de nível social/cultural."

“Pessoas comuns. É um tipo de música que pode ser ouvida por todos”. 

“Acredito que o brega alcança um público muito abrangente, e creio que muitos que escutam não possuem preconceitos musicas enraizados, são mais tranquilos em assumirem seus gostos e compreendem a proposta da música brega”. 

Os depoimentos dizem tudo. A ideia inicial é de que pessoas com classe social mais baixa é que ouvem/ouviam brega, mas hoje percebe-se uma participação maior das classe mais altas. Até podia existir isso antes, mas o rico também parece assumir seu gosto musical.  

“Compreendendo o sujeito como constituído e constituinte do contexto social no qual está inserido, é possível qualificar a música como uma forma de comunicação, de linguagem, pois por meio do significado que ela carrega e da relação com o contexto social no qual está inserida, ela possibilita aos sujeitos a construção de múltiplos sentidos singulares e coletivos” (MAHEIRIE, 2003, PP. 147-148). 

Todos podem ter acesso ao brega (tudo bem, às vezes o brega vem até você sem pedir licença, rs), independente do bairro em que mora, basta sentir algum interesse pela música. A periferia pode até ter mais presença de adeptos bregueiros, mas isso hoje não dá mais limite. Brega é democrático e é pra todos, porém ainda é carregado de "forma", de "espaço", de "ali só dá povinho". Estamos mudando aos poucos, aaaaos poucos, mas mudando...


2) Envolve festas e “tirar onda”

“Pessoas que gostam de tirar onda com musicas.”

“Qualquer uma de qualquer classe, nem que seja ‘pra tirar onda’ em uma festa."

“Pessoas de comportamento mais extrovertido, que costumam frequentar bares e festas e tem hábito frequente de consumir bebidas alcoólicas rodeados de amig@s que amam a sensualidade e que sentem-se sensuais (nem sempre são).”

"Pessoas que gostam de bar."

“Normalmente quem se identifica com as letras, ou gosta/sabe dançar (se identificando com o ritmo, a batida).”

“Pessoas que gostam de letras simples e melodias marcantes"

“Acredito que hoje em dia qualquer tipo de pessoa, de qualquer classe social, escuta brega. Alguns porque realmente gostam, outros por zoação.”

Brega é vida, é alegria, é animação e isso influenciou na percepção de tudo isso é pra tirar onda. Mas, porém, contudo, todavia, tirar onda dá a sensação de que a música não é de qualidade, que só presta pra brincar. Talvez o ritmo nesse ponto é quem dá a entonação de “vamos curtir”, semelhante ao funk e pagode, ritmos que também sofre preconceito relacionado a “sem qualidade” e “de periferia”. Isso pode ser verificado na pergunta "Grau de importância": 27% das pessoas responderam que não ouvem em casa, mas dançam em festa. 
No meio desse entusiasmo todo, aparecera respostas como “O atual é nojento, gente que não sabe o que é música” e “Geralmente fêmeas no cio e machos que querem copular”. É, tendo como referências determinadas bandas e MCs, pessoas que ouvem brega vão pelo lado da sensualidade excessiva mesmo. Faz parte, é brega também.

3) Envolve gente romântica e apaixonada

"Quem gosta de se divertir e que tem o romantismo no coração”

“Escuta quem está livre de preconceitos e julgamentos. Escuta quem tá aberto para amar e ser amado.”

"Todos quem se identificam e conseguem enxergar o quão verdadeiro o brega pode ser!”

"Gente apaixonada, com dor de cotovelo, pobre, gente melosa, ou nostálgicos como eu, que antes ouvia e agora se escuta pra relembrar, lembra minha infância...”

“Pessoa simples; apaixonada; realista; a pessoa que ouve brega é aquela que é verdadeira e tem coragem de gritar para o mundo, todas as paixões, dores, sofrimentos que dilaceram sua alma e seu coração” RAAAAIGA!

“Gente bem humorada, com algum amor escondido (ou não) no coração ou simplesmente querendo algum motivo para beber e afogar mágoas do dia a dia.”

“Pessoas sem preconceito"

“O tipo de pessoa que ouve é o que não vai se importar com comentários depreciativos. E que não teria vergonha de ser chamado de brega. :)”  

"Atualmente, a música que se encaixa nesses padrões (...) é mais ouvida nas regiões norte e nordeste. Meus pais são pernambucanos e adoram, por exemplo. Ainda assim, é um dos maiores mercados do Brasil, perdendo para o sertanejo (que também traz traços desse estilo) e música gospel. Os anos 70 representaram o auge da música brega/romântica, basta olhar o êxito de artistas como Odair José e Fernando Mendes no mercado nacional.” 
Ouve quem sofre ou já sofreu por amor, que é apaixonado e apaixonante, quem vê na música uma forma de desabafo ou de cantada. Brega é amor, é sentimento, é carinho, o que vem por confirmar o item "Temática do brega": amor, sentimento, aventuras amorosas, paixão, infidelidade, sexo (estas últimas pesam sobre o lado sensual e pornográfico, mas ainda assim falam de relacionamentos pessoais). 


COMO VOCÊ VÊ O ESTILO BREGA?


1) Brega antigo versus brega novo
 
“O tipo ‘Reginaldo Rossi’ não me incomoda, até acho interessante. Os atuais, sem pudores, não me agrada”

"Antigamente o brega era o cumulo do romantismo, músicas muito melosas, chorosas, o homem se declarando infinitamente apaixonado. Hoje, infelizmente o romantismo foi substituído pela letra um tanto pornográfica, é bom para dançar, fazer coreografias, mas não para ouvir e lembrar da pessoa amada. Atualmente, são poucos os bregas que mantém a linha romântica”

“Depende. Acredito que exista o brega avacalhado e o clássico. Por exemplo, Reginaldo Rossi ou Kelvis Duran. Os atuais são mais avacalhados, quase um forró”

“O antigo é 'brega’ mas nada tenho contra, O atual eu acho repugnante”

"Há vários ‘bregas’: os românticos, os que só falam baixaria... Vejo como uma manifestação romântica.” 

“Têm dois tipos de bregas. Há o brega romântico 'roedeira' e existe também o brega pornográfico (ex: Sheldon, Boco, Metal e Cego). O primeiro serve pra cantar e sofrer por amor e o segundo existe pra você curtir quando está numa festa e já bebeu uns drinks a mais, rs.”
 
Percebeu-se uma síndrome semelhante a do filme “Meia noite em Paris”, aquela sensação de que tudo no passado foi melhor do que as coisas atuais. As bandas de brega antigas, principalmente as daqui de Pernambuco, promoviam o brega romântico, com historias de esquecimento  “arrancar o diário as folhas que escrevi falando de você”, de auto valorização “pintei o meu cabelo, me valorizei”, de safadeza com pessoas alheias “rapariga é você, mal amada” e por aí vai. Tinha de tudo, assim como hoje. Talvez o movimento brega de antigamente estivesse mais forte, mais opções de banda, não tão limitadas quanto hoje que “só tem” Musa, Kitara, Faringes da Paixão, Torpedo fazendo a linha romântica. "Não falo da renovação porque acho bonito, brega pop do Pará assim como o Calypso, mas se é dessas gravações como quem tá transando, isso é apelação, vão acabar com isso", já cantava a Banda Aparências. Pensando por esse lado é compreensível, o brega de antigo era melhor. Outro item, também já analisado em "Quem ouve música brega?" é a questão social. Incrível como sempre essa temática aparece, seja pra corroborar determinados estereótipos, seja pra justificar uma possível mudança/complementação de público.
2) Estilo simples e divertido 
“Acho as músicas engraçadas, acho um material importante pra pensar a sociedade, bom de dançar, bom de ouvir fazendo faxina, acho que sofre muito preconceito também (inclusive meu)”
“Hoje em dia um tipo de música com um modus operandi próximo ao punk, onde o do it yourself prevalece. (...) É um estilo musical despojado, livre de preconceitos (pelo menos internamente)...”
“Dentro do brega existem vários estilos. Gosto do brega romântico, que fala de amor e de histórias bem comuns com nossa realidade. (...) É uma pena que muita gente ainda torça o nariz quando você diz que gosta de brega...”

"É um estilo democrático, que aceita todos, sem preconceito!  Brega é amor, paixão, entrega, e as letras dos bregas apenas tratam da realidade!”

“Vejo como algo divertido, que reflete o gosto musical das pessoas simples e românticas”

“Um estilo verdadeiro, talvez o mais verdadeiro deles!”

“Um ritmo carismático, que dá vontade de dançar, com letras populares, do cotidiano, as quais muitas vezes são utilizadas gírias divertidas e engraçadas”

“Algo normalmente autêntico.”



“O brega pode ir de Roberto Carlos a MC Sheldon, depende da concepção de cada um, do gosto musical. Eu posso gostar de uma música da Gabi Amarantos, que denominam de brega e detestar Calypso, que também está vinculada ao mesmo estilo”

“Livre de formalidades musicais, espontâneo, popular, autêntico.”

“Mais do que um estilo musical, o brega tem todo um contexto social retratado em suas letras. Eu quero moro no subúrbio, percebo que a identificação com a realidade da periferia é gigantesca.”

É de base da música brega a simplicidade nas letras. Essa simplicidade, pode-se dizer, é o grande argumento das pessoas que criticam esse estilo musical. “Percebida como tosca, vulgar e de mau-gosto, a música brega é considerada nesse discurso elitizado como exemplo maior da degradação da cultura popular promovida pela mídia, degeneração imposta pela vida precária nos subúrbios ou fruto da ignorância das massas”, segundo Fontanella (2005,pág. 14). É unir periferia com baixa qualidade, vendo baixa qualidade como simplicidade. Bom, nem tudo o que é simples é sem conteúdo, não agrega nada. Quantas músicas da MPB clássica (a socialmente aceita e falada) possuem letra simples e falam de amor? Várias. Aí vem a noção de que o que deixa o brega no hall das músicas “sem qualidade, coisa de pobre” é o contexto social em que nasceu/nasce, não o estilo em si.  

 
 

3) Crítica negativa

“É bem cafona e meio ‘pobretão’, vc raramente vai ver um rico q gosta d brega, a não ser que ele um dia já foi pobre, ou o rico em questão é próprio cantor d brega.”

“Pornografia para cegos”

“Há versões de brega agitados que agradam os jovens, mas na balada, não para escutar em casa ou no carro.” 

“Não me agrada, só valoriza o corpo da mulher, mesmo que algumas pessoas acreditarem que o brega é a forma da mulher tem de expressar.”

“Na maioria das músicas ele é vulgar.” 
“Ritmo contagiante e dançante com letras de baixa intelectualidade e de forte apelo sexual, e que por muitas vezes reforçam práticas como o machismo e a infidelidade (com exceções).”


Volta pra questão da baixa qualidade e da sexualidade explicitada nas músicas. Sim,música brega também é isso. Sim, tem gente que critica, inclusive os próprios adeptos do brega. Sim “escrevam letras bonitas pra que eu possa cantar” (Banda Aparências – Não deixe o brega morrer) sempre será um movimento forte.

 
EM QUE LUGAR SE ESCUTA BREGA?


“Em qualquer lugar, no centro da cidade, na casa da madame, na boate da zona sul e nos clubes.”
“Inferninhos, shows populares, casa de subúrbios do norte-nordeste.”
“Todo lugar”
“Admito que mais na periferia, mas hoje em dia pode ser ouvido em qualquer festa.”
“Quando me forçam!” Hahahahaha, tive que rir. Bela resposta!
“Eu escuto nas ruas, nas festas, em casa, no radio, na tv...”
“Lugares considerados mais populares, onde o povo transita. Um exemplo bom é o centro das grandes cidades, como o Recife. Mercados populares também.”
“Quando a vizinha escuta” Os vizinhos e suas interações em potencial!
“Só escuto na internet, por curiosidade ou pesquisa.”
“Bares da periferia (pega bebo).” Cerveja barata e desabafos = lugar perfeito né não?
“Em casa, no carro, em festa e principalmente no ônibus.” A socialização no ônibus sempre sensacional!”
“A maioria das pessoas que ouvem braga pertencem as classes menos favorecidas, por isso, ouve-se muito músícas nas comunidades de baixa renda e em festas das comunidade de alta renda, que declaram ouvir a música para tirar onda.”
 
Resumindo, brega se ouve em todo lugar, basta querer (ou não), rs. Na rua, na chuva, na fazenda, numa casinha de sapê, no ônibus, em festa, no celular, no trabalho e em casa, brega é o estilo musical mais espalhado pelos mil cantos do Brasil quiçá do mundo. Engraçado nesse item é a socialização: ninguém quer ouvir brega sozinho, já perceberam? É uma música expansiva, pra vida, pras relações pessoais. Coisa linda!



ONDE (SE) VIVE O BREGA?

“Na periferia, na barraca do centro da cidade e na casa da burguesinha da zona sul e norte”

“Nos bares de postos de gasolina na beira da estrada”. Referência ao filme “Vou rifar meu coração”?

“Talvez eu respondesse que o brega vive na periferia, mas estaria errado e carregado de preconceito, o brega vive-se em todos os lugares”.
 


“No coração de alguém? Huahuahuahuahua”

“Sem paradeiro, ele viaja o mundo envolvendo novas pessoas.”

“Normalmente vive e é criado nas regiões periféricas das cidades, inclusive é de onde sai a maioria dos bregas ditos verdadeiros e que conseguem representatividade popular realmente.”

“Num coração de um bregueiro... hahahaha. Vive no popular.”

“O brega tem sua força maior no subúrbio, apesar de ter atingido a população de uma forma geral. Mas é lá na comunidade onde ele tem seus maiores admiradores.”

“Nas comunidades de menor poder aquisitivo.”

“Nas classes C e D para parte de Criação. São os que fazem as músicas. Mas já chegou nas classes A e B. Esses escutam.”


Unanimidade a questão de que o brega vive nas comunidades e periferias e que, posteriormente, invadiu os espaços da classe média e alta, o que confirma que brega hoje está em todo lugar. Se está em todo lugar, porque as pessoas ainda veem com preconceito e com estigma? Creio que a origem é quem define. Por ter vindo das classes mais desfavoráveis, geralmente com população de baixa escolaridade (dados da realidade) associa-se a “tudo que vem de lá não presta”, o que está errado. Gente boa e educada sai da favela, assim como um está cheio de rico mau caráter por aí. Dinheiro não define (ou não deveria) ninguém, não deve ser usado como rótulo eterno.
 
 
CONCLUSÃO:
Já suspeitava que o foco das respostas seriam voltadas para "periferia", "amor", "povo", "baixa qualidade", "simples", "antigo". Tudo se resumiu a dizer que os bregas de antigamente eram melhores que os de hoje, que por serem da periferia não têm qualidade, mas que hoje em dia todo mundo escuta brega, nem que seja a pulso.
 
Engraçado observar que muitos falaram do brega atual, que não tem qualidade e só fala de sexo, mas que nos cantores e bandas de referências os mais citados foram justamente os que falam de amor e sentimento. Um pouco contraditório, o que deixa a sensação de não ter argumentos plausíveis, convincentes e conscientes para dizer porque não gosta de brega. Acredito que são opiniões já tão presentes na sociedade e impostas até mesmo no seio familiar que o argumento se perde. "Meu filho, não goste de brega porque isso não presta" e essa opinião prorroga entre as gerações. É como não querer que o filho seja gay ou use drogas porque "não pode". Estar consciente do que gosta ou não é o mais dificil. Na verdade, é dificil deixar certas pessoas não-alienadas.
 
A pesquisa, assim, colaborou com o entendimento sobre a música brega e das pessoas que estão envolvidas nela a partir do achismo, mas do que de fato se fala e se pensa sobre o brega. Achei interessante e fique feliz com os resultados. Obrigada, meu povo! <3


 
*Perdoem-me a configuração do texto, o blogger não facilitou e deixou tudo meio sem forma. =*