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29 de ago. de 2017

Lançamento do livro "Ninguém é perfeito e a vida é assim"

Thiago, Michelle e Palas
Melhor capítulo? hahaha
Mais do que um trecho de brega, agora o "Ninguém é perfeito e a vida é assim" também é literatura. Foi no dia 23 de Agosto de 2017 que o cenário brega pernambucano ganhou mais força, respeito e carinho com o lançamento do livro escrito por Thiago Soares, jornalista e professor da UFPE, adorador do brega muito antes dos programas de auditório. No evento estavam presentes amantes do brega, Michelle Melo (ex-Banda Metade, dona de todos os gemidos românticos musicais), Palas Pinho (ex-banda Ovelha Negra, ela mesma, da "Amor de rapariga não vinga não", Thiago Soares e demais parceiros da produção literária. 

De início houve a exibição do curta metragem "Estás vendo coisas", de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca retratando um pouco da rotina do brega como as festas, luzes e sons que permeiam nosso "país" Pernambuco e sua riqueza cultural. Após o curta, o que enriqueceu ainda mais o lançamento do livro "Ninguém é perfeito e a vida é assim: a música brega em Pernambuco" foi o debate entre Jader Janotti, Fernando Fontanella., Chico Ludermir e Thiago Soares. O tema principal remete ao brega como um estilo musical de baixa qualidade, "coisa de pobre", que faz insinuações sexuais e apelativas. Sabemos mais do que nunca de como isso retrata um estereótipo criado pela sociedade considerando que o que vem da periferia não tem qualidade ou denigre a imagem do ser humano. Se "numa letra de um brega se fala de amor", ao mesmo tempo, tem bregas que remetem a uma mulher vulgar, de corpo gostoso e sensual, que a torna passivelmente dominada pela figura masculina (que por sinal, em muitas músicas, pode botar gaia na mulher sem levar culpa). Toda essa discussão vem em cima de todo o contexto histórico da própria origem do brega, de onde ela se mostra, de quem consome - pobre e rico, branco e preto, homem e mulher - e de como é vista socialmente.

Eu e Thiago
.: Faço uma consideração ao que foi comentado lá: não basta falar sobre o brega, é preciso falar também sobre a quebra de paradigmas e esterótipos relacionados a mulher e o negro - duas identidades sociais muito discriminadas - que agora adentram nas universidades, nas diversas áreas de atuação de trabalho e na mídia. O que é falado em teoria, entretanto, muitas vezes não é visto na prática... Palas e Michelle, duas mulheres com rico conhecimento nas vivências de brega, não fizeram parte do debate. Acabei sentindo falta. Ainda, acredite se quiser, muita gente fala comigo na funpage como "Oi cara", "Quem é o donO dessa página?". A surpresa é grande quando digo que quem comanda o blog é uma donA. Até parece que mulher não tem conteúdo, não pode trocar conhecimento, só tem tempo pra cuidar da casa, marido e do corpo escultural em vez de escrever textos. Mais que citação, que nossa presença seja atuação :.

Thiago, te desejo todo o sucesso e saiba que o brega pernambucano sente-se muito feliz com tudo o que foi explorado no livro. Parabéns pelo empenho, parabéns pela coragem, parabéns pela criatividade e força que te fizeram realizar um projeto tão importante para a cultura pernambucana.

Beijo a todos!