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2 de nov. de 2010

Debate

Dando aquelas vasculhadas no Twitter e prestando atenção nas retuitadas do povo, achei essa discussão breve, porém interessante, sobre o contexto brega. Pio Lobato (@piolobato) é um guitarrista nota mil e Cris Simões (@cris_simoes_) é um "músico por DIVERSÃO e funcionário público concursado por esforço e comodidade financeira", segundo seu tuirêr. Como falei antes, 140 caracteres faz muita coisa, quem o diga Mayara Petruso.

Pio: "Profissional papudinho" é um divisor de águas na música do Pará, Roberto Villar é o Moisés do brega!

Cris: Ele é divo!

Pio: Essa história do brega sempre foi muito mal contada, nos jogaram a caricatura pelos jornais. Depois das piadas ficou a lacuna.

Cris: Roberto Villar, Wanderley Andrade, Marcelo Wall, Nelsinho Rodrigues etc... Hoje são considerados pela galera que entende ;)

Pio: Se prestarmos atenção, toda história da música recente aqui no Pará é contada de forma caricata. Por conta disso nada se conhece realmente.

Cris: Isso. Agora me explica: Porque os baianos tem "orgulho" do que eles chamam de música e os paraenses tem vergonha? :D #colonia

Pio: Vai ver a relação das universidades na Bahia com produtores de eventos e artistas, fora a difusão em programas de TV diários.

Cris: Lembra que no Rio a fusão do Samba com Jazz resultou num estilo/ritmo mais "refinado" - A Bossa Nova? E se "refinar" o Brega? ;)

Essa história toda lembrou-me uma frase que Patrick Tor4 falou: "A música no Pará é como Pernambuco ou Bahia (ricos culturalmente), mas as pessoas pensam como se fosse Aracaju", ou seja, tem tudo pra crescer, pra ser realmente reconhecido, mas os próprios adoradores do brega se limitam. Uma pena, pois assim como outros estilos crescem à torto e à direita, o tecnobrega por exemplo, presente há tantos anos no Nordeste e tendo como mãe o Pará, ainda está reprimido. Claro, hoje a visibilidade está bem maior, graças a internet, mas pro potencial que ele tem deveria estar numa situação bem melhor.
Outro ponto, aliás, o principal ponto disso tudo é o preconceito que o brega ainda carrega, das pessoas "entronxarem" a cara ao estilo e achar que isso não é música. Estava lendo dia desses algum texto aí que falava sobre o surgimento do brega. O argumento trazido por ele é que, na época da ditadura o estilo MPB, que continha letras ambíguas e cheias de críticas ao governo, foram proibidas pela censura, isso a gente sabe (por exemplo Pai, afasta de mim esse cálice, ou seja, cale-se). Então o estilo brega, que não tinha letra ambígua nem nada, era pobre de sentido, de uso da língua portuguesa, de coisa dita culta, não sofre essa censura. Nessa época então expandiu-se o estilo. Anos depois, passada a ditadura, a MPB retorna com toda força e o brega ficou estereotipado como "a música de baixa qualidade", tão baixa que nem preocupava a censura. O babado foi esse, presente até hoje.
E vocês, o que acham?

6 comentários:

  1. Meu sonho, juntamente com a Golarrole e todo mundo que brega curte em Recife, é ver esse ritmo chegar a ser considerado cultura local ou regional tanto em Recife como no Pará. Do mesmo jeito que o axé é na Bahia e o Funk é no Rio de Janeiro.

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  2. É, como cultura local eu acho que o brega já tem o seu posto, embora ainda não atinja a todos (questão de gosto mesmo). Como é a partir do pequeno que se chega no grande, se a própria cidade não apóia o movimento musical mais que presente nela, dificilmente terá um reconhecimento nacional adequado. Mesmo assim, e aos poucos, as pessoas estão mudando o modo de ver o brega, seja por modinha ou por prazer em ouvir.

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  3. Nossa discussão ainda está no nível dos materiais, falta traçar um panorama do que foi construído em pelo menos 2 década aqui em Belém,o estilo foi sofrendo transformações esses anos todos e não temos até hoje nada que demonstre claramente como se definiram seus contornos.
    Outro ponto importante é que a análise baseada somente pelas letras passa por cima dos elementos musicais e é obviamente é muito limitada e inconsistente. para se valorizar é preciso entender. Há muito trabalho por fazer

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  4. Todos nós no fundo somos brega apenas não temos coragem de assumir.

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  5. Exatamento Carlos, a discussão é essa mesmo. Tem gente que não assume por vergonha, preconceito, frescura, tudo coisas não justificáveis.

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  6. Todos nós no fundo somos brega apenas não temos coragem de assumir. [2]

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